Devido ao pânico que o coronavírus está causando no mercado, saiba onde investir o seu dinheiro para não perder patrimônio
Com a queda de mais de 20% nos preços do petróleo desde o dia 9 de março, os investidores entraram em pânico e se lançaram em uma onda de vendas de ações em todo o mundo, inclusive no Brasil. Como resultado, as Bolsas mundiais despencaram. A crise do petróleo se soma aos temores sobre o impacto da disseminação do novo coronavirus na economia global.
Na busca por investimentos seguros, o dólar passou a ser mais procurado, o que leva a moeda a subir e bater recorde atrás de recorde. Esse movimento em direção ao dólar é conhecido como voo para qualidade (em inglês, “flight to quality”).
Sempre que temos momentos de grandes incertezas, vemos movimentos como este, de fuga para a segurança. O importante para o investidor passa a ser a preservação do patrimônio, mais do que a rentabilidade da aplicação.
Enrico Cozzolino, analista de investimentos do Banco Daycoval
Nesses momentos, prevalece a busca por investimentos que funcionam como reserva de valor. Veja alguns abaixo.
Ouro
A mais tradicional reserva de valor dos mercados, o metal sempre é procurado em momentos de incertezas, seja em períodos de guerras, de graves crises econômicas ou de desastres naturais. “Uma das características de momentos de voo para qualidade é que fica evidente a valorização de ouro e dólar, historicamente”, disse Cozzolino.
Dólar
O dólar é muito procurado nesses momentos porque é a moeda emitida pelo país com a maior economia do mundo, os Estados Unidos. O investidor procura dólar tanto para aplicar diretamente na moeda quanto para usá-la para comprar ativos norte-americanos, como títulos do Tesouro dos EUA.
Renda Fixa
Investimentos corrigidos por juros também são procurados em momentos de incerteza, mas somente aqueles emitidos por governos de economias desenvolvidas, em especial o dos EUA. São títulos semelhantes aos papéis emitidos no Brasil pelo governo federal e negociados no Tesouro Direto. A diferença está em quanto risco os mercados atribuem aos títulos de cada governo. Os dos EUA são considerados os mais seguros.
Fundo DI ou Tesouro Selic
Aqui no Brasil, enquanto você não precisar usar o dinheiro sacado, o dinheiro também pode ir para um ativo de liquidez diária, como fundo DI ou Tesouro Selic, dizem profissionais de mercado.
Eles destacam que cada aplicador deve levar em conta que os juros no Brasil continuarão baixos por mais tempo, e que a renda fixa não vai render muito mais que a inflação. Por isso, a Bolsa segue sendo uma das opções de ganho real para quem aplica olhando para prazos mais longos.
Investimento em ações é dos mais arriscados
Mesmo considerando esse horizonte, é importante saber que o mercado acionário é um dos maiores prejudicados em momentos de incertezas porque os investidores não conseguem prever o que pode acontecer. Hoje, por exemplo, a questão é saber se o impacto da queda do petróleo e da covid-19 sobre a atividade econômica será de curto prazo, durando não mais que um trimestre, ou se durará mais tempo.
No caso do coronavírus, por exemplo, algumas ações sofrem mais que outras, como produtoras de commodities, que vendem para a China, e companhias aéreas, por causa da redução no número de viagens internacionais.
Em relação ao petróleo, sofrem principalmente as petroleiras, como a Petrobras, que caiu ontem.
Como escolher o destino do seu voo para qualidade
Profissionais de mercado destacam que o destino do voo para qualidade não deve ser o mesmo para todo mundo. Ele varia conforme o perfil do investidor.
Quem vai sacar no longo prazo:
Para quem tem dinheiro na Bolsa para sacar daqui a cinco anos ou mais, não faz sentido retirar o dinheiro agora e assumir as perdas, dizem especialistas.
Eventos pandemônicos historicamente não costumam alterar a perspectiva de longo prazo da economia.
Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos
Salomão cita estudo realizado por uma das maiores corretoras dos EUA, a Charles Schwab, mostrando que, em outros casos de surtos e pandemias ocorridos desde 1970 —como H5N1 (gripe aviária), Sars e H1N1 (gripe suína), as Bolsas retomaram a tendência de alta entre um e seis meses após o evento.
Quem vai sacar no curto prazo:
Quem aplica no curto prazo ou está perto de sacar o investimento para usá-lo —seja para comprar um bem ou para a aposentadoria— deve considerar cuidadosamente se vale vender as ações. O ciclo de baixa do mercado pode se prolongar e corroer mais ainda o ganho que o investidor havia tido até então.
Essa recomendação é mais forte para quem tem dinheiro nas ações que sofrem mais nesse momento, como as aéreas. Por outro lado, quem tem na carteira ações de empresas cujo desempenho depende menos do ambiente externo —como as companhias de eletricidade ou de saneamento— pode esperar mais, ou mesmo manter essas aplicações.
Informações retiradas da UOL Economia