Coronavírus avança e derruba mercados no mundo; Ibovespa perde 115 mil pontos na mínima do dia
O avanço do coronavírus na China e os temores de que se espalhe mais rapidamente pelo mundo estão derrubando os mercados globais. O Ibovespa testou a linha de 115 mil pontos. Na mínima, por volta das 13h20, o principal índice da B3 foi aos 114.980,48 pontos. Logo depois, o Ibovespa limitava um pouco a correção, em baixa de 2,81%, a 115.050,59 pontos, enquanto Nova York registrava perdas em torno de 1,5% para Dow Jones e S&P 500 e de 1,9% para o Nasdaq.
O real também segue pressionado, com o dólar à vista em alta de 1,01%, a R$ 4,2268, às 13h14, tendo oscilado entre mínima de R$ 4,2019 e máxima de R$ 4,2293. A curva de juros mantém viés de baixa, com o DI para janeiro de 2021 a 4,325%, frente a 4,350% do ajuste anterior.
A Bolsa de Tóquio fechou com queda de 2,03%, a maior em cinco meses. As Bolsas europeias também operavam em queda. Feriados em algumas partes da Ásia e do Pacífico mantiveram fechados hoje os mercados da China, Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul e Austrália.
O coronavírus já infectou mais de 2,7 mil pessoas e causou a morte de ao menos 80 na China. Além disso, há casos confirmados da doença em outros 14 países, incluindo Estados Unidos, França e Japão. Numa tentativa de conter a epidemia do coronavírus, a China decidiu hoje ampliar em três dias o feriado do ano-novo lunar, que normalmente se estende por uma semana e terminaria na quinta-feira.
O banco dinamarquês Danske Bank estimou que o surto do coronavírus pode reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) da China em 0,8 ponto porcentual no primeiro semestre. Em relatório enviado a clientes, a instituição diz que a província de Hubei, epicentro da doença, representa 4% da economia chinesa.
Segundo a análise, o setor de serviços deve ser o mais atingido pela disseminação do vírus. Além disso, o varejo também será afetado, mas o impacto deve ser mitigado pela relevância das vendas online. “As pessoas ficarão em casa, não irão ao cinema, a shows, restaurantes e vão reduzir viagens”, destaca o documento.
O banco avalia ainda que o governo chinês tentará atenuar os efeitos do coronavírus com medidas de estímulo monetário. “No entanto, é mais difícil neutralizar o abalo no PIB, já que ele ocorre por conta de um choque de oferta que atinge a produção em uma província”, ressalta.
Na avaliação do Danske Bank, o surto representa um evento sem precedentes porque a China de hoje é uma economia moderna e integrada ao resto do mundo. “As incertezas estão aumentando para os chineses e, portanto, para a economia global e os mercados financeiros”, afirma.
Já o banco americano Brown Brothers Harriman (BBH) disse que o alastramento do surto do coronavírus pode prejudicar a recuperação das economias asiáticas. “A região asiática está apenas começando a se recuperar das tensões comerciais globais e agora deve lidar com o que provavelmente será uma queda acentuada no turismo”, informou, em relatório.
“Os formuladores de políticas da região podem ter de adotar uma postura mais cautelosa este ano se o impacto econômico se tornar significativo”, acrescentou o BBH. Segundo a instituição, os ativos da Tailândia devem ser as “maiores vítimas” da aversão a risco gerada pelo coronavírus, “dada a importância do turismo chinês para o país”.
Efeitos no mercado brasileiro
De acordo com um analista ouvido pelo Estadão/Broadcast, não há como a Bolsa brasileira escapar das notícias negativas em relação ao coronavírus. “As commodities estão caindo, e isso deve atingir as mineradoras, siderúrgicas e as aéreas”, diz um analista. Na sexta, o Ibovespa já havia fechado em linha com o mercado externo, ao cair 0,96%, aos 118.376,36 aos pontos.
Por temor de cancelamento em passagens aéreas, na Europa várias ações de empresas do setor operam com perdas. Em Londres e nos Estados Unidos, o petróleo tem queda perto de 3%. No radar, está a notícia de fontes de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) discute ampliar os cortes de produção da commodity visando possíveis impactos da disseminação do coronavírus.
O dia também contou com a divulgação do pior resultado para as contas externas brasileiras em quatro anos, referente ao fechamento de 2019. / Sérgio Caldas, Maria Regina Silva, André Marinho, Iander Porcella e Luis Leal.
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Fonte: Estadão
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